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A graça da fortaleza e da compaixão na vida de São Padre Pio

Na história de vida de São Padre Pio de Pietrelcina, está descrito que ele recebeu os estigmas do Cristo do Calvário, o que levou à morte com sofrimento físico e moral. Isso porque aqueles eram sinais externos de “uma confusão e uma humilhação insuportável”, já que Padre Pio não se considerava digno de tal semelhança ao Redentor. Os estigmas são feridas nas mãos, nos pés e no peito, como as recebidas por Nosso Senhor Jesus Cristo na crucificação. Atribui-se ainda ao santo o dom da bilocação, que é a graça de estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Francesco Forgione era o nome desse santo até ele se tornar sacerdote em 10 de agosto de 1910, na Arquidiocese de Benevento, quando ele escolheu ser chamado de Padre Pio. Ele nasceu no dia 25 de maio de 1887, na pequena cidade de Pietrelcina, uma província de Benevento na Itália. Somente seis anos após sua ordenação, em 1916, Padre Pio foi enviado a uma pequena cidade montanhosa situada no Parque Nacional de Gargano, região da Puglia, uma província de Foggia, sul da Itália.

Nesta cidade, encontra-se o convento de San Giovanni Rotondo, local onde o santo exerceu seu sacerdócio até sua morte, em 23 de setembro de 1968. Padre Pio operou muitos milagres. As coisas extraordinárias que aconteceram durante os 52 anos de sacerdócio nesse convento muitas foram mistério até mesmo para o Padre Pio, conforme relatos que dizem que o próprio santo chegou a falar a seguinte frase: “Eu sou um mistério para mim mesmo”.

O Vaticano – muito cauteloso nas questões que envolvem milagres, aparições ou manifestações místicas – passou a controlar Padre Pio desde 1918, quando aos 31 anos, surgiram chagas em suas mãos e pés. Segundo os devotos, o padre já realizava milagres quando estava vivo. O fanatismo que se criou em torno dele levaram a Santa Sé a proibi-lo de celebrar casamentos e batizados, de confessar e de estar a sós com os fiéis. Foi confinado numa cela do convento, onde passou a viver e suas conversas eram gravadas.

O fato de ser o primeiro sacerdote a receber estigmas na história da Igreja fez que muitas pessoas desconfiem dele. O que levou alguns afirmarem que as chagas eram fruto do histerismo, provavelmente provocadas por ele mesmo. Porém, isso foi refutado conforme testemunho do médico Francesco Di Raimondo, integrante da comissão médica que examinou o processo de canonização. “Ficou estabelecido definitivamente que as chagas não foram provocadas ou mantidas pelo Padre Pio”, relatou o médico. Ele destacou ainda que: “Aquelas feridas nunca infeccionaram e eram refratárias a qualquer tratamento. Desapareceram quando ele morreu e não deixaram nenhuma cicatriz, o que é fisiologicamente impossível”.

Foi só nos últimos cinco anos de vida, sob o pontificado de Paulo VI, que o Padre Pio conseguiu se livrar das perseguições do Vaticano. Ter a fortaleza no ideal no instante das dificuldades foi o sacrifício de amor maior que fez São Padre Pio de Pietrelcina enfrentar a perseguição contínua sem desanimar. Morrer na arena da provação é muito pouco diante da bondade e fidelidade ao Senhor frente aos seus escolhidos.

São Padre Pio foi martirizado com os estigmas da cruz pela calúnia, maledicência e intriga lançada no meio dos cristãos. Sobrenaturalmente, o humilde São Padre Pio, mestre da compaixão, nunca se defendeu. Quem é tomado pela possibilidade do amor infinito de Cristo, não possui tempo para defesas miseráveis e carentes. A partir da graça do dom da fortaleza, ele nunca se justificou, porque precisaria apenas prestar contas ao Rei dos Reis, Jesus. Como já nos ensinou Santa Tereza de Calcutá: “Veja você que, no final das contas, é tudo entre você e Deus, nunca foi entre você e as outras pessoas”.

Padre Pio nunca justificou uma palavra. O tempo trouxe à tona verdade por meio inclusive do seu corpo intacto, que o Papa Francisco trouxe para o Vaticano no centenário do Santo. Padre Pio foi bem-aventurado pela graça da fortaleza no exercício da compaixão consoladora. Papa Paulo VI afirmou: “Veja a fama que ele alcançou! Que clientela mundial reuniu em torno de si! Mas por quê? Por que era um filósofo? Por que era um sábio? Por que dispunha de meios? Não, mas porque rezava a Missa humildemente, confessava de manhã à noite; era difícil de dizer, representante estampado dos estigmas de Jesus. Era um homem de oração e de sofrimento” (20 de fevereiro de 1971).

Na pós-modernidade, observa-se que os indivíduos estão se sentido, a cada dia, mais fragilizados e debilitados, não tendo forças para suportar com paciência as adversidades que surgem diante do individualismo doentio desta geração tão solitária. Encontram-se debaixo de pressão altíssima que chega a gerar estresse e desequilíbrios emocionais. Muitos ficam depressivos, angustiados, não possuindo o controle de seus sentimentos.

É preciso, como alguns santos segurem, pedir continuamente a graça da fortaleza, não só para perseverar na vontade do nosso Senhor, mas, sobretudo, vencer as cruzes com Jesus pela força da ressureição. Para isso, é essencial a resiliência da fé diante das probabilidades conflitivas que estão sobre a vida cotidiana pós-moderna. O papa emérito Bento XVI já nos ensinou que: “um coração aberto vale mais que muitas palavras”.

Aristóteles definia o medo como “a antecipação do mal, desde a desonra, a pobreza, a doença, o abandono dos amigos até a morte” (Ética, Livro III, 6). Como ensina o exemplo de São Padre Pio, a bênção da fortaleza é uma maneira de partilhar da graça extraordinária que fez Jesus subir até Jerusalém, carregar a cruz e doar sua vida por toda humanidade. Esta graça é totalmente excluída de violência, mas é revestida de ternura. Isso é perceptível no testemunho do São Padre Pio.

A bênção da fortaleza sobrenatural possui duas virtudes que na humanidade é quase impossível de ficarem juntas: a coragem, que é capaz de concretizar o que a cada um é trazido por meio de adversidades como uma possibilidade de impulso frente aos objetivos, e a compaixão, que impele a doçura e bondade gerando paciência e compreensão no convívio com o próximo.

São Tomás de Aquino escreveu numa Suma Teológica (II-II, q. 123, art. 12, ad 2) que “aceitar a morte em si, não é de se louvar, mas tão somente, na medida em que se prepara para o bem”. A benção da fortaleza cria uma unicidade para que a coragem e a compaixão ajam com a necessidade que cada adversidade precisa, possuindo uma hipótese de se concretizar com precisão e eficácia a poderosa vontade de Nosso Senhor.

A fortaleza é a quarta das virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança). Padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, ressalta que: “Pe. Pio, ele tinha o dom místico de saber escutar os corações. Ele lia os corações, bem sabia que deste modo as pessoas, depois seriam induzidas a refletir melhor, a ser menos superficiais, a não ir ali somente para vê-lo. Efetivamente, a maioria depois retornava a confessar-se com outras disposições de coração. Nós, sacerdotes, devemos imitar Pe. Pio, sobretudo em sua heroica dedicação ao Sacramento, não tanto nos modos bruscos que deixamos aos Santos místicos que sabem como usá-los. Pe. Pio é um Mártir da Confissão, porque, contrariamente do que o povo pensa – que seja interessante ouvir os pecados dos outros –, o Mistério da Confissão é um dos mais árduos enfadonhos que existe para um sacerdote. Admiro imensamente pessoas que passam horas e horas como Pe. Pio – até 19, 20 horas por dia – no confessionário. Não significa somente ouvir os pecados das pessoas, mas é um mundo de sofrimento que recai sobre o sacerdote – a humanidade sofredora, ensanguentada, que vai ali pedir misericórdia – e o sacerdote deve despojar-se de si mesmo, se está cansado, se faz calor dentro do confessionário, se faz frio, para ouvir as pessoas. É um verdadeiro martírio e creio que estes dois Santos espiritualmente são mártires da Confissão”.

Por fim, o maior poder da fortaleza que se pode possuir não está em ir de encontro as lutas e inimigos exteriores, mas no autocontrole de si mesmo. A bênção da fortaleza é a graça do autodomínio quando se está em grande batalha ou provação, pois está transcendentemente acima das forças e limites humanos. A bênção da fortaleza protege da imaturidade e da infantilidade, que são centradas na realização do que se gosta. A partir da força transcendente da fortaleza e compaixão que os cristãos possuem maturidade, sendo cada um chamando a realizar aquilo que é necessário e o que é realmente um caminho de possibilidades infinitas para a verdadeira felicidade de todos.

O Padre Pio cheio de compaixão e fortaleza não pensava senão nas almas. Numa carta dirigida ao seu confessor, escreveu: “Nada mais vos quero dizer senão isto: Jesus concede-me uma íntima alegria quando posso sofrer e trabalhar pelos meus irmãos. Trabalhei e continuarei a trabalhar. Rezei e quero continuar a rezar pelos meus irmãos. A velar ainda mais. Chorei e quero chorar sempre pelos meus irmãos no exílio”.

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